sábado, novembro 28, 2009

Tertúlia da SCT 2009 - final

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho/António Gedeão
(Lisboa, 24.11.1906 - Lisboa, 17.02.1997)

(Caricatura in Blog Desenhos do Rui)

Filho de um funcionário dos correios e telégrafos e de uma dona de casa, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu a 24 de Novembro de 1906 na lisboeta freguesia da Sé. Aí cresceu, juntamente com as irmãs, numa casa modesta da rua do Arco do Limoeiro (hoje rua Augusto Rosa), no seio de um ambiente familiar tranquilo, profundamente marcado pela figura materna, cuja influência foi decisiva para a sua vida.

Na verdade, a sua mãe, apesar de contar somente com a instrução primária, tinha como grande paixão a literatura, sentimento que transmitiu ao filho Rómulo, assim baptizado em honra do protagonista de um drama lido num folhetim de jornal. Responsável por uma certa atmosfera literária que se vivia em sua casa, é ela que, através dos livros comprados em fascículos, vendidos semanalmente pelas casas, ou, mais tarde, requisitados nas livrarias Portugália ou Morais, inicia o filho na arte das palavras. Desta forma Rómulo toma contacto com os mestres - Camões, Eça, Camilo e Cesário Verde, o preferido - e conhece As Mil e Uma Noites, obra que viria a considerar uma da suas bíblias.

Criança precoce, aos 5 anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar "Os Lusíadas" de Camões. No entanto, a par desta inclinação flagrante para as letras, quando, ao entrar para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contacto com as ciências, desperta nele um novo interesse, que se vai intensificando com o passar dos anos e se torna predominante no seu último ano de liceu.

Este factor será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, aquando da entrada na Universidade, pois, embora a literatura o tenha acompanhado durante toda a sua vida, não se mostrava a melhor escolha para quem, além de procurar estabilidade, era extremamente pragmático e se sentia atraído pelas ciências justamente pelo seu lado experimental. Desta forma, a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil, dá-se.

E assim, enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém que dará pelo nome de António Gedeão.

Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na faculdade de letras da cidade invicta, prenunciando assim qual será a sua actividade principal daí para a frente e durante 40 anos - professor e pedagogo.

Começando por estagiar no Liceu Pedro Nunes e ensinar durante 14 anos no Liceu Camões, Rómulo de Carvalho é, depois, convidado a ir leccionar para o liceu D. João III, em Coimbra, permanecendo aí até, passados oito anos, regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do Liceu Pedro Nunes.

Exigente, comunicador por excelência, para Rómulo de Carvalho ensinar era uma paixão. Tal como afirmava sem hesitar, ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação. E assim, além da colaboração como co-director da "Gazeta de Física" a partir de 1946, concentra, durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusive, à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a física e a química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da colecção Ciência Para Gente Nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o Povo, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de 1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um carácter mais amplo, aquilo que, enquanto professor, comunicava pela palavra.

A dedicação à ciência e à sua divulgação e história não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua a vida. De facto, Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive trabalhos concluídos, mas por publicar, que por certo vêm engrandecer, ainda mais, a sua extensa obra científica.

Apesar da intensa actividade científica, Rómulo de Carvalho não esquece a arte das palavras e continua, sempre, a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade e pensando que nunca será útil a ninguém, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la.

Só em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato a que se votou.

O livro é bem recebido pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e,depois, no ensaio e na ficção.

A obra de Gedeão é um enigma para os críticos, pois além de surgir, estranhamente, só quando o seu autor tem 50 anos de idade, não se enquadra claramente em qualquer movimento literário. Contudo o seu enquadramento geracional leva-o a preocupar-se com os problemas comuns da sociedade portuguesa, da época.

Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Aí reside a sua originalidade, difícil de catalogar, originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que, para Rómulo de Carvalho e para o seu "amigo" Gedeão, provinham da mesma fonte e completavam-se mutuamente.

A poesia de Gedeão é, realmente, comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que "Pedra Filosofal", musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho.E, mais tarde, em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum "Fala do Homem Nascido".

O professor Rómulo de Carvalho, entretanto, após 40 anos de ensino,em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal, decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação. Nessa altura é convidado para leccionar na Universidade mas declina o convite.

Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes dedica-se por inteiro à investigação publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Gedeão também continua a sonhar, mas o fim aproxima-se e o desejo da morrer determina, em 1984, a publicação de Poemas Póstumos.

Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da Academia de Ciências, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.

Quando completa 90 anos de idade, a sua vida é alvo de uma homenagem a nível nacional. O professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta, é reconhecido publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música.

Infelizmente, a 19 de Fevereiro de 1997 a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas Póstumos e Novos Poemas Póstumos.

Avesso a mostrar-se, recolhido, discreto, muito calmo, mas ao mesmo tempo algo distante, homem de saberes múltiplos e de humor subtil, Rómulo de Carvalho que nunca teve pressa, mas em vida tanto fez, deixa, em morte, uma saudade imensa da parte de todos quantos o conheceram e à sua obra.

sexta-feira, novembro 27, 2009

Tertúlia da SCT 2009 - VI

Como está quase a terminar a Semana da Ciência e Tecnologia de 2009, não podíamos deixar de recordar o mais famoso poema de Gedeão, imortalizado no saudoso programa Zip-Zip por Manuel Freire, aqui num filme muito interessante retirado do YouTube.



Pedra filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral
pináculo de catedral
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo de Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Columbina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

in Movimento Perpétuo, António Gedeão (1956)

quinta-feira, novembro 26, 2009

Fausto nasceu há 61 anos!



Fausto Bordalo Dias, de seu nome completo Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias, também conhecido simplesmente por Fausto (Vila Franca das Naves, 26 de Novembro de 1948) é um compositor e cantor português.


Biografia

Em Angola formou o primeiro grupo chamado Os Rebeldes.

Em 1968 começa em Lisboa os seus estudos universitários. Grava o seu primeiro disco em 1970.

Com 12 discos gravados entre 1970 e 2005 (dez de originais, uma colectânea regravada e um disco ao vivo), Fausto é presentemente um dos mais importantes nomes da música em geral e da música popular portuguesa em particular.

A sua obra tem sido revisitada por nomes como Mafalda Arnauth, Né Ladeiras, Teresa Salgueiro ou Cristina Branco.


Discografia

Álbuns de Originais
  • Fausto
  • Pró que der e vier (1974)
  • Beco com saída (1975)
  • Madrugada dos trapeiros (1977)
  • Histórias de viajeiros (1979)
  • Por este rio acima (1982)
  • O Despertar dos alquimistas (1985)
  • Para além das cordilheiras (1987)
  • A preto e branco (1988)
  • Crónicas da terra ardente (1994)
  • A Ópera mágica do cantor maldito (2003)

Colectâneas
  • O Melhor dos melhores (1994)
  • Atrás dos tempos vêm tempos (1996)
  • Grande grande é a viagem (ao vivo) (1999)
  • 18 Canções de Amor e Mais Uma de Ressentido Protesto (2007)

NOTA
- porque perguntar não custa, quando é que homenageamos este cantor com um nome de Rua nossa terra?

Eu sei que só os mortos é que têm valor e que santos da casa não fazem milagres, mas, em último caso, pode-se usar o nome da sua mãe, a professora primária Alice Bordalo Martins, para, indirectamente, lhe fazer justiça e recordar em placa de rua...

Tertúlia da SCT 2009 - V


Mais um poema de António Gedeão profusamente cantado (só tenho pena de não encontrar a versão de Manuel Freire...):


Poema da malta das naus

Lancei ao mar um madeiro,
espetei-lhe um pau e um lençol.
Com palpite marinheiro
medi a altura do Sol.

Deu-me o vento de feição,
levou-me ao cabo do mundo.
pelote de vagabundo,
rebotalho de gibão.

Dormi no dorso das vagas,
pasmei na orla das prais
arreneguei, roguei pragas,
mordi peloiros e zagaias.

Chamusquei o pêlo hirsuto,
tive o corpo em chagas vivas,
estalaram-me a gengivas,
apodreci de escorbuto.

Com a mão esquerda benzi-me,
com a direita esganei.
Mil vezes no chão, bati-me,
outras mil me levantei.

Meu riso de dentes podres
ecoou nas sete partidas.
Fundei cidades e vidas,
rompi as arcas e os odres.

Tremi no escuro da selva,
alambique de suores.
Estendi na areia e na relva
mulheres de todas as cores.

Moldei as chaves do mundo
a que outros chamaram seu,
mas quem mergulhou no fundo
do sonho, esse, fui eu.

O meu sabor é diferente.
Provo-me e saibo-me a sal.
Não se nasce impunemente
nas praias de Portugal.



in Teatro do Mundo - António Gedeão (1958)

Música de Fausto no dia do seu aniversário


Porque não me vês

Meu amor adeus
Tem cuidado
Se a dor é um espinho
Que espeta sozinho
Do outro lado
Meu bem desvairado
Tão aflito
Se a dor é um dó
Que desfaz o nó
E desata um grito
Um mau olhado
Um mal pecado
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
Porque não me vês
Maresia
Se a dor é um ciúme
Que espalha um perfume
Que me agonia
Vem me ver amor
De mansinho
Se a dor é um mar
Louco a transbordar
Noutro caminho
Quase a espraiar
Quase a afundar
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono

quarta-feira, novembro 25, 2009

Tertúlia SCT - IV



Mais um poema de António Gedeão, magistralmente cantado por Adriano Correia de Oliveira e com música de José Niza:




Fala do Homem nascido


Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém

Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci

Trago boca para comer
e olhos para desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr

Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta rumo ao norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada

Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham

Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu

Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar
com licença com licença
com rumo à estrela polar

terça-feira, novembro 24, 2009

Tertúlia SCT 2009 - III

DARWIN CANTADO NA RUA




Philadelphia street performer Brett Keyser brings evolution to the people



NOTA: no dia em se comemora os 150 anos da publicação do Livro "Origem das Espécies" de Charles Darwin, há também recordar que este é o nosso 300º post...!

segunda-feira, novembro 23, 2009

Tertúlia SCT 2009 - II


Para começar bem, aqui fica um filme, feito pelo autor deste post, com base no poema de António Gedeão Lágrima de Preta, cantado na sua versão original por Adriano Correia de Oliveira, com música de José Niza.




Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.


Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.


Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.


Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:


Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

Tertúlia da Semana da Ciência e Tecnologia 2009


Começamos hoje (com uns dias de atraso...) a nossa Tertúlia on line comemorativa da Semana da Ciência e Tecnologia 2009.

Esta tertúlia serve, sobretudo, para fazer a comemoração da Semana da Ciência e Tecnologia 2009 e do aniversário do nascimento de Rómulo de Carvalho, com publicação de poemas, músicas, filmes e textos sobre este cientista e pedagogo e ainda dos textos do seu pseudónimo António Gedeão.

Para já este post é colocado em estereofonia pelos seguintes Blogues:

segunda-feira, novembro 16, 2009

Fotos da Festa dos 50 anos do Colégio - III

E agora as últimas fotos, começando no início da festa:










PS - cá ficamos à espera da próxima - esperemos o trabalho me permita participar daqui a dois anos...

Fotos da Festa dos 50 anos do Colégio - II









Fotos da Festa dos 50 anos do Colégio









PS - Com os nossos agradecimentos à Lina e ao Luís...

A festa dos 50 anos do Colégio na Imprensa

Externato de S. Pedro comemorou 50 anos
O regresso ao Colégio em Vila Franca das Naves
Por: Luis Baptista-Martins

O padre Alberto, ao centro, foi um dos fundadores do Colégio há 50 anos

No passado sábado, pouco mais de uma centena de antigos alunos do Externato de S. Pedro regressaram a Vila Franca das Naves para comemorarem os 50 anos daquele estabelecimento de ensino. Os meninos de então, hoje seniores nostálgicos, retornaram com alegria ao terreiro onde ganharam as asas que os ajudaram a singrar na vida.

A “Estação”, como era reconhecida nas populações vizinhas Vila Franca das Naves, vivia tempos de grande progresso desde que, em 1882, a linha da Beira Alta fora inaugurada e servia os concelhos de Trancoso, Mêda, Foz Côa e Pinhel. A dinâmica económica induzida pelo caminho-de-ferro – no transporte de pessoas e mercadorias – promoveu o aumento populacional e criou uma nova realidade social necessitada e ávida de novos conhecimentos. É como resposta a esse anseio de mais educação e cultura que nasce o “Colégio”, como era conhecido. Foi criado por despacho do Secretário de Estado da Educação Nacional no primeiro dia de Setembro do já longínquo ano de 1959. Na Autorização Provisória, de 29 de Setembro desse ano, emitida pela Inspecção Superior do Ensino Particular, encontramos a permissão de «ministrar cursos» a 12 alunos do ensino primário e a 30 do ensino liceal. Os fundadores foram os padres Indalecto Neves, Alberto Lourenço e José Mesquita de Almeida, o primeiro era o pároco da aldeia e grande impulsionador do projecto, que, com os dois colegas, deu dimensão e grandeza ao sonho de criar uma instituição de qualidade de ensino e cultura num tempo em que o acesso à educação «não era para todos».

Começou por funcionar provisoriamente na Rua de S. Pedro (se bem que o nome do externato se deva à designação da Feira de São Pedro, o maior evento anual da localidade) e, pouco depois, em 1960, foram construídas instalações na zona de expansão da freguesia, e onde hoje funciona a Escola EB2.3 que lhe sucedeu, em 1982, com a nacionalização do “velho” externato e o aparecimento do ensino público na vila. O sonho deu lugar à obra, a abnegação e entusiasmo dos três jovens sacerdotes fundadores contou com a prestimosa e extraordinária colaboração da população que ajudou a criar uma escola de referência e que passou a atrair jovens das aldeias vizinhas, mas também de outras mais distantes. Estudar até ao quinto ano passou a ser um desígnio e uma oportunidade para os adolescentes da região.

As comemorações dos 50 anos do “Colégio” permitiram rever a história, reviver momentos, recuperar o património de afectos, e recordar… Em entrevista à última edição do “Letras e Tretas”, o jornal do Agrupamento de Escolas de Vila Franca das Naves, o P.e Alberto (o único dos fundadores que “sobreviveu” à própria história do “Colégio”) asseverou que «quando apareceu a ideia de fundar o colégio eu fiquei entusiasmadíssimo». E recordou as dificuldades e o esforço, como «um trabalho maravilhoso», em que «as famílias nos entregavam os filhos com muita confiança», isto num contexto em que «o meio era muito desfavorável, o desenvolvimento era pequeno e os rendimentos eram baixos», concluindo que «era prioritário formar pessoas para a vida, que de outra forma nunca o teriam conseguido».

Foi precisamente esse reconhecimento que levou a que muitos antigos alunos, em especial os que por ali passaram nos idos de 60 e 70, não faltassem a esta chamada de celebrar o nome do Externato de S. Pedro, de homenagear a memória, sempre presente, do P.e Indalecto, mas também de outros mestres como o P.e Mesquita ou o P.e Zé Clemente. Ou de saudar ainda o P.e António, enquanto ouviam as palavras eloquentes, emotivas e categóricas do P.e Alberto (que “presidiu” a cerimónia) ou as recordações afirmativas do P.e Manuel Pereira de Matos (antigo professor do colégio). Entre os muitos meninos do “Colégio” que não faltaram ao convívio lá estiveram Rui Proença Dias, ex-Governador Civil da Guarda, ou António Ruas, reeleito presidente da Câmara de Pinhel (ou também o director deste jornal).

Foi esse sentimento de alegria e emoção que perpassou pela “festa” enquanto a Tuna Académica da Faculdade de Medicina de Coimbra dava cor ao ambiente. Os antigos alunos puderam, depois, ver a exposição das fotografias que acompanhavam as matrículas (dos mais “jovens”, e a maioria a preto e branco, porque dos mais antigos não havia imagem) e rever as respectivas “cadernetas das notas”.

Segundo Leonel Cruz, da organização, os encontros de antigos alunos (este foi o sétimo) deverão continuar a realizar-se, «porventura de dois em dois anos», pois, «apesar de dar muito trabalho, faz sentido haver mais regularidade neste convívio de amigos e colegas» que não esquecem as origens e a própria história.

A despedida do Comandante Castela na Imprensa - III

Rogério Castela agraciado pela Liga


Competência e dedicação valeram crachá de ouro ao antigo comandante dos voluntários de Trancoso e Vila Franca das Naves


Rogério Castela foi agraciado com o crachá de ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) pela sua «competência e dedicação» à causa do voluntariado. A insígnia foi atribuída na passada sexta-feira, durante um jantar de homenagem promovido em Vila Franca das Naves (Trancoso).

O comandante deixou a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários local no final de Outubro após 27 anos de serviço efectivo, dos quais cerca de metade a desempenhar funções de comando em Trancoso e Vila Franca das Naves, onde chegou após a morte de Miguel Madeira. A iniciativa juntou mais de centena e meia de pessoas, com destaque para a presença de Duarte Caldeira, presidente da LBP; Gil Barreiros, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda e conselheiro do Serviço Nacional de Bombeiros e da LBP; Madeira Grilo; António Fonseca, comandante operacional distrital da Guarda; o autarca trancosense Júlio Sarmento e inúmeros comandantes e voluntários. O comandante Castela solicitou a passagem ao Quadro de Honra da associação vilafranquense no passado dia 16 de Outubro. O jantar foi organizado pelos Voluntários de Vila Franca das Naves.

A despedida do Comandante Castela na Imprensa - II

Rogério Castela deixou comando dos Bombeiros de Vila Franca das Naves

Antigo responsável alega «cansaço» para ter pedido para integrar Quadro de Honra da instituição

Desde a última sexta-feira que Rogério Castela deixou de ser o comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca das Naves, no concelho de Trancoso, funções que exerceu nos últimos quatro anos, passando a fazer parte do Quadro de Honra da associação.

O antigo responsável adianta que foi por «cansaço» que tomou a decisão de deixar de ser comandante, salientando que o facto de não residir, nem trabalhar naquela freguesia também pesou: «Durante os quatro anos isso obrigou a deslocações constantes a qualquer hora do dia ou da noite. Para quem já anda nos bombeiros há quase 27 anos isto vai cansando», assegura, frisando que «nunca» foi «comandante para comandar por telemóvel», mas para estar «sempre presente». Depois de uma decisão «amadurecida durante os últimos tempos», o processo ficou concluído na sexta-feira, dia em que se despediu da sua «“rapaziada”». De resto, considera que a sua estadia nos bombeiros «termina na altura correcta», até porque o corpo de bombeiros de Vila Franca está «perfeitamente organizado, estruturado e disciplinado», frisando que foram «quatro anos de intensa actividade» em que trabalhou com «muita gente nova e muito bem formada».

Assim, sai com «muito orgulho» pelo que fez e de «consciência tranquila e de dever cumprido». A construção de um novo quartel para os voluntários de Vila Franca das Naves foi um dos “cavalos de batalha” de Rogério Castela que se mostra satisfeito com o arranque a «breve prazo» das obras. Deste modo, «se tudo correr conforme o previsto, durante o ano de 2010, o corpo de bombeiros vai poder usufruir de algo a que sempre teve direito». O nome do novo comandante ainda não é conhecido, estando o cargo a ser desempenhado de forma interina pelo adjunto do comando, Clemente Delgado.

A despedida do Comandante Castela na Imprensa

Rogério Castela deixa bombeiros após 27 anos de dedicação à causa

Passagem ao Quadro de Honra da corporação de Vila Franca das Naves, que comandou desde 2005, depois da morte de Miguel Madeira


Com a saída de Rogério Castela, o comando dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca das Naves está a ser assegurado por Clemente Delgado, até agora comandante adjunto


Após 26 anos e onze meses de serviço efectivo nos bombeiros, dos quais cerca de metade a desempenhar funções de comando, Rogério Castela deixa o trabalho de ‘soldado da paz’. Com esta decisão, aos 57 anos de idade, Castela abandona o cargo de comandante na corporação de Vila Franca das Naves, pedindo a passagem ao Quadro de Honra da Associação Humanitária. Passa agora a dedicar-se apenas às funções de coordenador do Serviço de Protecção Civil Municipal de Trancoso, que desempenha desde finais de 2007.

Desde Novembro de 2005 a comandar a corporação de Bombeiros de Vila Franca das Naves, no concelho de Trancoso, Rogério Castela decidiu agora deixar o cargo por motivos pessoais. O ex-comandante, com residência e vida profissional em Trancoso, diz sentir-se cansado: “Estes quatro anos foram de uma enorme actividade e conduziram a que, depois deste Verão particularmente difícil, eu me sentisse cansado e um pouco saturado desta actividade nos bombeiros”. “Depois de fazer 26 anos e 11 meses de serviço efectivo nos bombeiros, metade a desempenhar funções de comando, entendi que tinha chegado a altura de terminar”, adianta.

“Saio, claramente, com o sentimento de dever cumprido”

Rogério Castela garante que sai “sem problemas”, adiantando que o corpo de Bombeiros “está perfeitamente organizado e disciplinado”. Faz, de resto, um balanço bastante positivo dos anos que esteve a comandar a corporação, que este ano completou apenas onze anos de existência. “Parto muito satisfeito, honrado e prestigiado por ter comandado o corpo de Bombeiros de Vila Franca, criado quando eu era comandante dos Bombeiros de Trancoso”, salienta, acrescentando que o trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos foi “importante, quer em termos de formação, quer em termos de organização do corpo de bombeiros, quer no que respeita às actividades levadas a cabo, quer ao nível da própria resposta operacional”. “Saio, claramente, com o sentimento de dever cumprido”, reforça.

Uma das lutas do antigo comandante foi a construção do novo quartel dos Voluntários de Vila Franca, lançando a campanha “Nós também merecemos um quartel”. Uma obra que, depois de alguns contratempos, deverá ser uma realidade em breve, como acredita Rogério Castela.

Tudo pronto para a construção do quartel

A obra do quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca das Naves deve avançar nos próximos dias. Após a anulação do primeiro concurso público foi lançado um novo concurso, estando agora já concluído todo o processo com vista à construção das instalações. A propósito do concurso, o presidente da Câmara de Trancoso, Júlio Sarmento, deu conta que “o preço no segundo concurso até desceu em relação à melhor proposta do primeiro”.

O quartel vai ser construído com verbas do Município e do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), tendo sido convidado o secretário de Estado da Protecção Civil para o acto de lançamento da primeira pedra. A empreitada foi adjudicada a um consórcio constituído pelas empresas Cipriano Pereira de Carvalho e Filhos, Lda e Maquisusi – Sociedade de Construções e Transportes, Lda.

in Jornal Nova Guarda - texto de Fátima Monteiro

quinta-feira, novembro 05, 2009

Vila Franca das Naves - Nova Junta de Freguesia

Da anterior Presidente de Junta recebemos a seguinte informação, com pedido de divulgação:

No passado dia 29 de Outubro tomou posse a Assembleia e Junta deFreguesia de Vila Franca das Naves.

Assembleia de Freguesia
Presidente: Leonel Fernando da Costa Pinto Nunes Cruz
1º Secretário: Fernanda Daniela Ferreira de Sousa
2º Secretário: Jorge Manuel Paulo Lucas
Restantes Elementos:
Marta Susana Couto Matias
Artur Rodrigues
Paula Alexandra Pires de Sousa Pereira
Manuel dos Santos Fernandes

Junta de Freguesia
Presidente: José Alberto Ambrósio dos Santos
Secretário: Jorge Manuel Ferreira Vaz Tavares
Tesoureiro: António Manuel Vaz Ferreira

A todos desejo um bom trabalho no desempenho das novas funções. Em especial envio um abraço e o meu agradecimento aos elementos que ao longo destes quatro anos constituiram a equipa anterior.

Adelina Ferreira Vaz