quinta-feira, junho 10, 2010

O Ministério da Anarquia visto pelo Expresso







O ministério anti-professor

O ministério da educação já não existe na realidade.  Os pedagogos da 5 de Outubro só existem no mundo do humor.  E, no meio deste humor involuntário, lá vão destruindo a figura do "professor".


I. Nas últimas semanas, o humor do ministério da  educação começou no grau de exigência das provas de final de ano. Numa prova do 6.º ano, os  alunos foram confrontados com este desafio brutal: ordenar palavras por  ordem alfabética. Repito: a prova era para o 6.º ano.   Uma prova de matemática, também do 6.º ano, tinha perguntas complicadas  como esta: "quantos são 5 + 2?". Tal como disse a sociedade  portuguesa de matemática, 14 perguntas deste teste de aferição do 6.º  ano poderiam ter sido respondidas por alunos da primária. Em nome das  suas estatísticas, os pedagogos da 5 de Outubro estão a destruir  qualquer noção de empenho e rigor. Isto até seria cómico, se não  fosse realmente grave.

II. Há dias, o  humor chegou à própria arquitectura das escolas. Um génio da "Parque Escolar"  decidiu que a sala de aula já não pode ser o centro da escola, porque  isso representa o passado, porque isso representa um ensino centrado,  imaginem, no professor. A "Parque Escolar" quer "uma escola descentrada  da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com  os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na  biblioteca e discutindo projectos"  . Alguém tem de explicar à "Parque Escolar" que uma escola não é um  campo de férias. Alguém tem de explicar à "Parque Escolar" que o  centro da escola é mesmo o professor. O aluno está na escola para  aprender.

III. Já agora, aproveitando  esta onda de humor involuntário produzida pela pedagogia pós-moderna, eu  queria deixar uma proposta à "Parque Escolar" e ao ministério: que tal  acabar de vez com o professor? Que tal substituir o professor por babysittersPorque nesta escola "moderna" os  professores são isso mesmo: babysitters. Uma salva de palmas  para a 5 de Outubro. 

in Expresso - texto de Henrique Raposo

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